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Foto do escritorNayara Reynaud

ANTONIA – UMA SINFONIA | Sinfonia romântica

Atualizado: 27 de out. de 2021


Christanne de Bruijn como Antonia Brico no filme holandês Antonia – Uma Sinfonia (De Dirigent, 2018) | Foto: Divulgação

Os leigos em música clássica podem se sentir em pé de igualdade com os amantes do gênero quando assistirem à cinebiografia Antonia – Uma Sinfonia (De Dirigent, 2018), já que o longa de Maria Peters tem como propósito apresentar um nome tão importante e, mesmo assim, bem desconhecido neste cenário musical. No caso, o de Antonia Brico, maestrina holandesa que cresceu na Califórnia, considerada uma pioneira por, entre outros feitos, ser a primeira mulher a reger a Orquestra Filarmônica de Nova York, em 1938. E vale aqui um parêntesis para destacar o pioneirismo anterior da brasileira Chiquinha Gonzaga que, ao se apresentar com a opereta A Corte na Roça, em 1885 no Rio de Janeiro, confundiu até a imprensa já que não existia um feminino para a palavra “maestro” até então.


Voltando à Brico, sua trajetória chegou a ser retratada no cinema em Antonia: A Portrait of the Woman (1974), documentário indicado ao Oscar que foi produzido por uma de suas antigas alunas, a cantora folk Judy Collins. E é justamente o tratamento de uma típica cinebiografia hollywoodiana que a produção belga-holandesa ganha nas mãos da diretora de Sonny Boy (2011) e outros longas locais. Isso quer dizer que, ao mesmo tempo, que o filme apresenta bons quesitos técnicos, seja na reconstituição de época ou na sua essencial trilha sonora, se ressente um pouco pelo formalismo de seu grande melodrama, com o tamanho aqui se referindo tanto a longa duração do título quanto à mão pesada da direção e roteiro no tom da narrativa.


Na trama, Antonia Brico (Christanne de Bruijn) é uma filha de imigrantes holandeses que cresceu em Nova York e enfrenta diversas dificuldades para realizar seu sonho de estudar e se tornar uma maestrina. A maior parte delas está nas personagens reais e fictícias que personalizam o machismo da época e do setor ao longo de sua trajetória na história, mas igualmente nas atitudes, inclusive as pregressas, de seus rígidos pais adotivos (Annet Malherbe e Raymond Thiry). Sua persistência também encontra resistência inicial transformada em paixão na figura de Frank Thomsen (Benjamin Wainwright), desenhada como um aristocrata de influência enorme e quase mítica na cena da música clássica nova-iorquina, e um apoio irrestrito em Robin Jones (Scott Turner Schofield), amigo que tem direito a uma subtrama importante, mas que soa como acessória no longa.


As boas interpretações do elenco, especialmente da atriz Christanne de Bruijn conferindo força e carisma à protagonista, dão conta de um texto, por vezes, descritivo demais e pouco afeito a sutilezas. E embora seu par com Benjamin Wainwright renda um romance de engajamento com o grande público, acaba por tirar o foco do esforço próprio de Antonia. Essa parece ser só mais uma das liberdades criativas que o roteiro de Peters traz na considerável dose de maniqueísmo e sensacionalismo adicionada nesta romantização da biografia da pianista e maestrina.


Se a ficção não exige a fidelidade verídica de um verbete enciclopédico, tal escolha incide mais no discurso feminista da obra, inerente ao representar tal ícone. Diferente do retratado no longa, as dificuldades reais enfrentadas por ela e tantas outras profissionais nesta e mais áreas de trabalho, muitas vezes, são menos “vilanescas” nas aparências, porém, mais difíceis de serem superadas dentro de um machismo estrutural. Ainda assim, a obra cumpre seu papel de dar visibilidade à carreira de Antonia Brico e para o problema ainda corrente da falta de maestrinas em funções de destaque na regência de orquestras pelo mundo.

 

Antonia – Uma Sinfonia (De Dirigent, 2018)

Duração: 139 min | Classificação: 12 anos

Direção: Maria Peters

Roteiro: Maria Peters

Elenco: Christanne de Bruijn, Benjamin Wainwright, Scott Turner Schofield, Seumas F. Sargent, Annet Malherbe, Raymond Thiry, Gijs Scholten van Aschat, Richard Sammel, Sian Thomas, Tim Ahern, Sara Visser, Michael Watson-Gray e James Sobol Kelly (veja + no IMDb)

Plataforma: NOW, Sky Play e Vivo Play (PVOD – locação de pré-lançamento) e AppleTV, Google Play e Youtube Filmes (PEST – compra antecipada), a partir de 21 de agosto de 2020



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