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Foto do escritorNayara Reynaud

AS RAINHAS DA TORCIDA | Hey Minnie

Atualizado: 27 de fev. de 2021


Diane Keaton, Ginny MacColl, Patricia French, Jacki Weaver, Pam Grier, Rhea Perlman, Carol Sutton e Phyllis Somerville em cena do filme As Rainhas da Torcida (2019) | Foto: Divulgação (Diamond Films)

A figura da líder de torcida é algo muito presente e peculiar da cultura dos Estados Unidos. No entanto, filmes e séries adolescentes retratando esse tipo clássico do ambiente escolar norte-americano, especialmente Teenagers – As Apimentadas (2000) e a franquia gerada pela comédia esportiva, tornaram sua imagem conhecida em todo o mundo. Se a compreensão total do que as animadoras representam no imaginário do país depende da imersão e/ou vivência, esse conhecimento adquirido através do cinema e da TV é o que torna crível, para plateias brasileiras, por exemplo, como o sonho de adolescente da personagem de Diane Keaton em ser cheerleader motivar a trama de As Rainhas da Torcida (2019).

O público é apresentado à Martha, quando a protagonista que a atriz encarna no longa-metragem de Zara Hayes está vendendo suas coisas em Nova York. Por motivos pessoais que vão se esclarecendo no decorrer da narrativa, ela vai para Sun Spring, uma espécie de spa condomínio exclusivo para idosos, convenientemente localizado na Geórgia – já que o estado oferece incentivos para que produções sejam filmadas por lá, pois, como outros estados norte-americanos e países, compreende-se a importância da indústria do audiovisual na economia local. Contudo, o ambiente e as diversas atividades oferecidas neste retiro da 3ª idade não lhe agradam e, com a ajuda de sua despachada vizinha Sheryl (Jacki Weaver), ela resolve montar um clube de líderes de torcida.

A ideia acaba desagradando as senhoras mais respeitáveis de Sun Springs, representadas pela dirigente Vicki (Celia Weston), e sendo motivo de chacota por outros. Assim, o filme usa a animação de torcida, com essa imagem da cheerleader associada à juventude, como instrumento para este grupo de mulheres mais velhas desafiarem não só as regras locais, mas maridos, filhos e uma sociedade que deseja limitar suas vontades e ações. A desconstrução desses estigmas sobre idade e envelhecimento recai também sobre a própria equipe, com não apenas a fechada protagonista se abrindo a novas amizades neste ponto de sua vida, como as outras integrantes da equipe – Alice (Rhea Perlman), Helen (Phyllis Somerville), Olive (Pam Grier), Phyllis (Patricia French), Evelyn (Ginny MacColl) e Ruby (Carol Sutton) – descobrindo sua força nessa união feminina.

Isso resulta em uma diferença clara entre o elenco principal de atrizes, que esbanjam maturidade em cena ao mostrarem a jovialidade de suas personagens, e os coadjuvantes adolescentes, ainda “verdes”, com destaque para a ótima Jackie Weaver e Phyllis Somerville, que com sua Helen ganha um arco mais trabalhado com a oposição do filho (David Maldonado) à sua participação no clube. São elas que se esforçam para sustentar um roteiro repleto de clichês, seja na típica história dos “rejeitados” ou underdogs em filmes de competição ou na montagem com sequências embaladas por ótimas canções, como a significativa Coming Out de Diana Ross e o hit recente Feel It Still do Portugal. The Man. O roteiro de Shane Atkinson, que divide o argumento com a diretora, não traz a acidez necessária em seu primeiro longa e que estava presente em seus curtas, como o mordaz Penny Dreadful (2013).

Na linha da franquia Perfeita É a Mãe!, a comédia aqui é pretensamente revolucionária por colocar mulheres falando o que geralmente fica à cargo de personagens masculinos, porém, peca por algumas situações e diálogos forçados ou por pouco se arriscar de fato. Na realidade, o tom da produção está mais para uma dramédia, pelas questões que envolvem a protagonista, mas na direção tímida de Zara Hayes, que depois de séries e telefilmes documentais, faz seu primeiro trabalho ficcional, o momento mais inspirado do filme é quando foge do melodrama e transforma o que seria uma piada no início do longa em uma forma poética de indicar visualmente ao espectador os rumos da história. Se há material e elenco para As Rainhas da Torcida ser bem mais do que entrega, a obra também poderia ser um desastre no tratamento de seus temas; o resultado final que traz um leve sorriso no rosto já é satisfatório, então.

 

As Rainhas da Torcida (Poms, 2019)

Duração: 90 min | Classificação: 12 anos

Direção: Zara Hayes

Roteiro: Shane Atkinson, com argumento de Shane Atkinson e Zara Hayes

Elenco: Diane Keaton, Jacki Weaver, Celia Weston, Alisha Boe, Charlie Tahan, Rhea Perlman, Phyllis Somerville, Pam Grier, Patricia French, Ginny MacColl, Carol Sutton, Bruce McGill, Alexandra Ficken e David Maldonado (veja + no IMDb)

Distribuição: Diamond Films

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