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Foto do escritorNayara Reynaud

A CAMINHO DE CASA | “Lar é onde mora o coração”

Atualizado: 25 de fev. de 2021


Jonah Hauer-King, Ashley Judd e Shelby em cena do filme A Caminho de Casa (2019) | Foto: Divulgação (Sony Pictures)

A tradição fala que o cão é o melhor amigo do homem, mas é possível dizer que também é um grande companheiro do cinema, ganhando até um gênero próprio. Os “filmes de cachorro”, por assim dizer, geralmente seguem as fórmulas das aventuras pueris voltadas para toda a família, às vezes indo para uma via mais cômica, ou se embrenham em algo mais dramático. A Caminho de Casa (2019) é a junção de todas essas opções, no típico longa feito para o público se divertir e emocionar, seja assistindo na telona ou vendo depois na telinha de alguma sessão vespertina na TV.

É algo a se esperar de uma produção que tem pedigree na sua equipe técnica, com nomes experientes no ramo. Autor do romance que deu origem a Quatro Vidas de um Cachorro (2017) e um especialista no gênero, W. Bruce Cameron escreveu o livro A Caminho de Casa (2017) e o adaptou para o cinema, junto com Cathryn Michon. Já o diretor Charles Martin Smith, tem em sua filmografia Bud: O Cão Amigo (1997), título que deu início à franquia de cães esportistas, além de fazer Winter, o Golfinho (2011) e sua continuação.

Isso significa que o espectador verá uma versão antropomórfica do animal na história. Bella é vivida pela cadela Shelby, mas seus pensamentos são “traduzidos” na voz humana de Bryce Dallas Howard – no entanto, o longa foi lançado com cópias dubladas no Brasil. A tática é até usada com parcimônia quando a protagonista se comunica com outros bichos, fazendo com que ela explique ao público em vez de apresentar uma “conversa” entre eles, mas seria muito mais interessante e ainda eficiente se não existisse essa sua narração de suas aventuras e percalços.

Como ela conta, tudo começa no seu primeiro lar, um terreno abandonado onde a filhote vivia com sua mãe pitbull e uma família de gatos até que sua progenitora e outros animais são retirados do local pelos guardas ambientais. A vira-lata passa a ser cuidada pela “Mãe Gato”, mas logo é adotada pelo vizinho humano, Lucas (Jonah Hauer-King), morando com o rapaz e a mãe dele (Ashley Judd), que está com depressão. Contudo, a pressão do mercado imobiliário e as leis rígidas da cidade de Denver quanto às raças de cães de caça – apesar dela não guardar traços de pitbull –, levam Bella para o Novo México, mas a cachorrinha logo quer voltar para casa e sai no longo caminho em direção ao Colorado a que o título faz menção.

Nesta trilha, ela e a plateia se deparam com vários clichês e efeitos visuais, especialmente no CGI de certos animais, mal acabados, mas a narrativa é envolvente o suficiente. Os laços maternais e paternais desfeitos e feitos são um atrativo e gatilho emocional em uma história de uma cadela órfã e de seres marginalizados ao seu redor. A Caminho de Casa, Bella se encontra com veteranos de guerra tentando superar os traumas físicos e psíquicos do campo de batalha, um casal homossexual e um mendigo, por exemplo, fazendo com que a ideia de “racismo canino”, defendida veementemente pelo filme, seja completada pelo discurso humanitário em segundo plano.

 

A Caminho de Casa (A Dog's Way Home, 2019)

Duração: 96 min | Classificação: Livre

Direção: Charles Martin Smith

Roteiro: W. Bruce Cameron e Cathryn Michon, baseado no livro “A Caminho de Casa” de W. Bruce Cameron

Elenco: Ashley Judd, Jonah Hauer-King, Edward James Olmos, Alexandra Shipp, Chris Bauer, Barry Watson, Motell Gyn Foster, Wes Studi, John Cassini, Brian Markinson, Patrick Gallagher, Broadus Mattison, Rolando Boyce, Cesar De León e voz de Bryce Dallas Howard (veja + no IMDb)

Distribuição: Sony Pictures

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