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Grace VanderWaal | A menina que saiu da TV para cantar suas (ou nossas) dores

Atualizado: 13 de fev. de 2021


Grace VanderWaal se apresentando no Radio Disney Music Awards 2017

Nome completo: Grace Avery VanderWaal

Nome artístico: Grace VanderWaal

Data de nascimento: 15/01/2004

Local de origem: Lenexa, Kansas, Estados Unidos / Suffern, Nova Iorque, EUA

Veículo (ou como chegou até nosso conhecimento): há um mês, por um erro de digitação e memória, procurando pela banda de rock Greta Van Fleet, o preenchimento automático do Google me levou a ela e seu clipe de Clearly

 

Nascida em Lenexa, na área metropolitana de Kansas City, Grace VanderWaal se mudou, ainda criança, para Suffern, no estado de Nova Iorque, mas o Mundo Mágico de Oz desta pequena Dorothy começaria no palco do America's Got Talent (2006-). Com o ukelele – instrumento havaiano, quase parente do cavaquinho, que conheceu justamente com um amigo brasileiro da família – comprado com o dinheiro que ganhou em seu aniversário de 11 anos, a menina, então com 12, tocou e cantou uma música própria nas audições do show de talentos norte-americano, transmitido pela NBC. A força e vulnerabilidade da garota em sua crise de identidade com sua I Don't Know My Name deixou todos os jurados da competição boquiabertos e fez um deles, o comediante e ator canadense Howie Mandel, apertar o Golden Buzzer, a campainha de ouro que manda o candidato direto para as apresentações ao vivo nas quartas-de-final do programa.

Havia realmente algo de especial mesmo na menina, que mora com os pais Tina e David e a irmã mais velha – e ainda tem mais um irmão mais velho – e, além de participar das noites de open mic nas casas da região de Suffern que deixam o microfone aberto para os artistas que quiserem se apresentar, extrapolava os limites geográficos com seus covers com o ukelele de Frosty the Snowman, Dog Days Are Over da Florence + The Machine, I Can't Help Falling In Love With You do Elvis Presley, Ex's & Oh's da Elle King e tantos outros em seu canal no YouTube chamado "Oh Never mind it's just me". Continuando a cantar apenas suas próprias composições na disputa, Grace ganhou a 11ª temporada da competição, em 2016, se tornando a segunda participante feminina a vencer o America's Got Talent e a primeira criança a levar o prêmio desde que Bianca Ryan que conquistou a primeira temporada, então com 11 anos.


Ainda em dezembro daquele ano, ela lançaria o EP Perfectly Imperfect (2016) com as músicas que cantou no programa – a fraterna Beautiful Thing foi a escolhida para as quartas, Light the Sky nas semifinais e Clay na final –, além da faixa Gossip Girl. Com a produção do canadense Greg Wells, indicado ao Grammy e responsável por trabalhos com Adele, Dua Lipa, Katy Perry, Twenty One Pilots, Kelly Clarkson, P!nk e até Elton John, seu début, mesmo nos 40 minutos do segundo tempo, foi o EP mais vendido nos Estados Unidos de 2016. E se não bastasse, ela ainda fecharia os últimos dias de seus 12 anos em um dueto de True Colors com Cyndi Lauper.

Mas isso não quer dizer que seus 13 anos seriam menos especiais. Após lançar alguns singles, seu primeiro álbum Just The Beginning (2017) saiu em novembro passado, com uma produção maior e uma sonoridade menos acústica que antes, embora o som de seu ukelele – ela, inclusive, ganhou uma linha própria de ukeleles da Fender com “sua assinatura” – permanecesse entre o pop mais evidente das suas faixas, com Moonlight, So Much More Than This e City Song ganhando videoclipe. Com o trabalho, VanderWaal foi a artista a ser destacada em dezembro de 2017 no Push MTV, entrou pelo segundo ano consecutivo na lista “21 Under 21” de jovens nomes da Billboard e levou o prêmio de revelação no evento da revista, Billboard Women in Music, além de receber antes o Choice Next Big Thing – algo como a “próxima grande coisa” – no Teen Choice Awards daquele ano.

Naquela incrível audição onde todos conheceram o público conheceu o nome de Grace VanderWaal, Simon Cowell, jurado do programa, criador do formato e dono da gravadora Syco a qual pertence, disse que ela seria a “próxima Taylor Swift”, talvez por ver ali uma lourinha com letras confessionais. A menina chegou a fazer uma versão de Look What You Made Me Do da cantora e tem umas coisas que recordam o início da carreira de Swift, porém, traz uma reminiscência de outros artistas: o timbre rasgante, às vezes, recorda a Sia, com um doce respiro que lembra Regina Spektor e uma maturidade lírica apesar da voz infantil ouvida em Melanie Martinez; enquanto o seu pop com toques de folk pop a la Ingrid Michaelson e surf music resgatam um caminho que teve seu último auge com Jason Mraz, Colbie Caillat e Jack Johnson na década passada. Se, fazendo um mea culpa, a comparação é inevitável para situar o leitor, a realidade é que justamente o fato de não se parecer tanto com outras vozes mais genéricas ou caminhos mais comuns do mainstream atual destaca esta voz “quebrada”, forte e frágil assim como suas letras tão maduras, em que, inclusive, ela se preocupa em não conseguir ser diferente, como canta em Darkness Keeps Chasing Me.

Essas características se condensam em seu novo single, Clearly, lançado em março, no qual a jovem, atualmente com 14 anos, aproveita a letra motivacional de I Can See Clearly Now, sucesso de Johnny Nash que virou hit com a versão ainda mais reggae de Jimmy Cliff para o filme Jamaica Abaixo de Zero (1993), no refrão da música, enquanto os versos compostos por ela trazem uma carga mais dramática e uma alusão à superação da depressão, com um toque soul e gospel. A canção presente na trilha sonora da animação da Netflix Next Gen (2018) e na nova novela das seis da Globo, Espelho da Vida (2018), se tornou um novo cartão de visitas para quem não a conhecia antes, acompanhar o trabalho da menina que abriu alguns shows do Imagine Dragons, na Evolve World Tour deste ano e que ainda promete na indústria da música. No mundo do cinema, teremos que esperar e ver a estreia de Stargirl (2019), filme dirigido por Julia Hart e baseado em um livro homônimo de Jerry Spinelli, que está em processo de filmagem e promete ser lançado na futura plataforma de streaming da Disney.

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