LOLLA BR 2018 | Dia 3 - Domingueira de ferver a pista
Atualizado: 12 de ago. de 2020
Da matinê do Metronomy com sua nova disco ao rock dançante do The Killers, teve gente descendo até o chão com o Tropkillaz e deixando o corpo fluir ao compasso de Lana Del Rey, Khalid e The Neighbourhood, enquanto observamos de longe ou caímos junto na pista do Lollapalooza Brasil 2018.
Veja os destaques e impressões deste terceiro e último dia no Lolla BR na cobertura do NERVOS no festival:
"Because this isn't Paris / And this isn't London / And it's not Berlin / And it's not Hong Kong / Not Tokyo"
O cansaço da maratona, o resfriado inesperado e o próprio texto do dia anterior, fizeram com que a cobertura do domingo no Lolla começasse mais tarde que o desejado. Se não, provavelmente, diríamos que a domingueira do último dia de festival começou com o pop entre sintetizadores oitentistas e batidas do R&B e funk melody noventistas trazidas pela cantora carioca Mahmundi ou com uma sonoridade alternativa que mescla rock, folk e reggae em uma roupagem eletrônica dos alemães do Milky Chance – deu para ouvir, pelo menos, um pouco do seu principal hit, Stolen Dance, ao chegar ao portão do Autódromo. Mas abrir os trabalhos com a matinê do Metronomy foi uma boa pedida.
Ainda que o horário não tenha sido o mais apropriado ao som e importância da banda no cenário indie, os ingleses trouxeram sua apropriação da disco music dos anos 70 e 80, no estilo nu-disco somado ao synth pop, para o público mexer seu esqueleto sob o Sol. Alguns, fãs ou que conheciam ao menos os singles principais, se entregavam mais ao ritmo dos teclados e sintetizadores – talvez, até altos demais na equalização da apresentação – que outros, talvez, já guardando lugar para o show da Lana Del Rey. Mas, com o quinteto emendando uma música atrás da outra, quase sem paradas, era impossível ficar parado(a) aos sucessos The Look, The Bay, Love Letters e Everything Goes My Way.
"Boa noite, boa boa noite / Boa noite / Povo que eu cheguei"
Ainda estava bem longe da noite quando o Tropkillaz transformou o Palco Axe em um baile funk ao sol das quatro da tarde. Na realidade, o duo de DJ's Zegon e André Laudz vem da cena hip hop – o primeiro foi integrante do Planet Hemp – e tem a base do projeto na trap music, gênero que mescla o rap e o eletrônico. No entanto, com o rap nacional cada vez mais se aproximando dessa nova fase do funk, especialmente com a forte produção do último nas periferias paulistas, reduto do primeiro gênero, a dupla também de produtores tem trabalhado cada vez mais misturando ambos com outros ritmos brasileiros, indo de parcerias com Karol Conka ao grupo Heavy Baile, que animava o público, cantando e dançando, enquanto os dois faziam seus remixes. Mesmo na fila para comprar as bebidas, ali ao lado, o pessoal descia até o chão.
Teve até Anitta em vídeo chamando MC Zaac, seu "feat" em Vai Malandra, para cantar um trecho da música e seus próprios hits. Mas, na sequência, o duo voltou ao terreno do hip hop, mais exatamente ao R&B de Luccas Carlos, que apresentou sua música Neblina e, enquanto partíamos para conferir o outro show do horário, o Tropkillaz trazia o hit dos anos 90, Pony, do Ginuwine.
"I hate the beach / But I stand / In California with my toes in the sand"
O outro show do horário era da banda californiana The Neighbourhood, que lotou o Palco Budweiser em plena tarde – algo próximo só à apresentação da inglesa Ellie Goulding na edição de 2014, botando todo aquele vale lotado para dançar, mesmo os que estavam sentados. Aqui, uma multidão de fãs que os esperavam desde a abertura dos portões cantavam empolgados as suas músicas, enquanto a turma do fundão transformava o pop rock com toques de hip hop e roupagem indie do quinteto em música ambiente para o seu piquenique do "domingo no parque" ou "praia indie". Só quando tocaram seu maior sucesso, Sweater Weather, houve um discreto coro conjunto por ali.
"Send me your location / Let's focus on communicating / 'Cause I just need the time and place to come through"
Adotando a mesma estratégia, lá do alto do morro, era possível observar o cantor norte-americano Khalid deixar uma boa impressão com seu cartão de visitas para o público que o desconhecia no festival. Ganhador de prêmios de revelação do ano passado e presente no hit 1-800-273-8255, de Logic com Alessia Cara, o indie R&B dele remete ao trabalho do Frank Ocean e, nas mais dançantes, ao do Drake, com mais batidas de baterias eletrônicas e sintetizadores oitentistas, como em American Teen, que dá nome ao seu álbum de estreia, de 2017. Com sua vibe mais chill out do que enérgica em músicas de letras bem pop, o artista, feliz com a recepção do público, combinou ao clima daquele final de tarde.
"And I don't mean to be unkind"
Para alguns, como esta que vos escreve, que tiveram a chance de ver o Noel Gallagher e sua banda High Flying Birds no Lollapalooza de 2016, e assistir ao seu caçula na edição deste ano, foi como se um show do Oasis nunca visto se completasse. Se o irmão mais velho chegou a homenagear a banda que os dois formaram e que se tornou o ícone mais famoso mundialmente do britpop dos anos 90, com cinco músicas, mas tendo o repertório do novo projeto na maioria do setlist, Liam Gallagher, que neste ínterim, esteve a frente do Beady Eye, grupo de reminiscentes da banda original, não se fez de rogado em cantar os clássicos da banda original. Foram sete canções frente a cinco faixas do seu novo álbum solo, As You Were (2017).
O antigo vocalista do Oasis, que, por problemas de saúde, interrompeu sua apresentação no Lollapalooza do Chile e cancelou o side show que faria também em São Paulo, estava até bem disposto com os fãs, apesar de sua marra habitual. Agradeceu à plateia que cantou a plenos pulmões Wonderwall, executada em um arranjo mais cru, assim como Live Forever que encerrou sua apresentação.
"Don’t make me sad, don’t make me cry"
Continuando com o clima relaxante que Khalid trouxe ao Palco Ônix no entardecer, Lana Del Rey trouxe seu mix de trip hop e indie pop a uma imensa plateia que o aguardava. Lá embaixo, os fãs gritavam, nos intervalos das músicas, "Lana, eu te amo" e enlouqueciam com os passos sensuais da cantora norte-americana, que estava ao lado de duas dançarinas e chegou a cantar deitada no chão. No alto do morro todo tomado de espectadores, o início da apresentação, quase toda baseada no repertório de seus últimos discos empolgava poucos que ali estavam sentados ou em pé, embora a versão de Scarborough Fair. Quando, na sexta música, os primeiros acordes de Born To Die, grande sucesso e faixa-título de seu marcante álbum de estreia, foram executados, o público começou a despertar. Saindo dali rumo a um lugar decente para assistir aos headliners da noite, ao som de Blue Jeans, que ela trouxe na sequência, a impressão é que o show estava engatando com os grandes hits da artista. Se foi o suficiente para animar os que estavam atrás da legião de apaixonados que aparece na transmissão televisiva, difícil saber.
"I got soul, but I'm not a soldier"
Experimentando, pela primeira vez, em quatro edições de Lollapalooza, a experiência de ficar na "arquibancada lateral natural" do palco principal e observar todas as peripécias de quem se arrisca a ficar em um lugar mais alto ali no morrinho, foi possível ver a multidão cantar, pular e dançar com o indie rock cada vez mais influenciado pelo glam rock e outras experimentações dance e eletrônicas do The Killers. A banda de Las Vegas trouxe um setlist repleto dos hits de seus cinco álbuns para agradar aos fãs e a uma plateia que cresceu escutando seus sucessos no rádio e na TV. E o público respondeu calorosamente, fazendo com que o vocalista Brandon Flowers pedisse desculpas por ter demorado cinco anos para voltar ao Brasil – o quarteto esteve aqui, pela última vez, na edição de 2013 do mesmo festival – e prometendo voltar logo ao país.
O show ainda guardou algumas surpresas, primeiro com o convite à apresentadora do Multishow que foi baterista da banda carioca Scracho, Dedé Teicher, para tocar o instrumento durante a apresentação de For Reasons Unknown. Depois, Liam Gallaguer voltou ao palco em que cantou horas antes enquanto os colegas roqueiros levantava a galera com All These Things That I've Done. Já teria sido um ótimo encerramento de seu número e do festival, mas eles retornaram para um bis e, com Mr. Brightside, terminaram em grande estilo o Lollapalooza Brasil 2018.
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