Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno
Atualizado: 31 de jul. de 2021
Os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang 2018 começam, oficialmente, nesta sexta (9), embora algumas disputas tiveram início um dia antes na Coreia do Sul – com transmissões já na noite de quarta (7), no Brasil. Mesmo que o clima impeça que muitos dos esportes do evento sejam praticados em terras tropicais como as brasileiras, o público daqui não os desconhece totalmente, em parte, graças ao cinema que apresenta essas competições a diversas plateias.
Isso acontece desde documentários dedicados às Olimpíadas de Inverno, a exemplo da produção francesa 13 Jours en France (1968), selecionada para o Festival de Cannes e que registrou os Jogos de 68 em Grenoble, na França, enquanto os de 76 em Innsbruck, na Áustria, foram capturados em White Rock (1977), indicado ao BAFTA. Mas também em uma série de títulos esportivos ou que usam os desportos no contexto de uma cena, como mostra o Guia Cinéfilo Olímpico de Inverno que o NERVOS organizou para indicar aos amantes do esporte e da sétima arte os filmes que levaram cada uma das modalidades para as telas.
Começando com um dos esportes de inverno mais populares, e tão nobre nas Olimpíadas que tem direito até à exibição especial na Noite de Gala, a patinação artística ganhará os cinemas brasileiros no dia 15 de fevereiro, com a estreia de Eu, Tonya (2017, foto no topo). Indicado a três Oscars, de Melhor Atriz para Margot Robbie, Atriz Coadjuvante para Allison Janney e Edição / Montagem, o filme dá voz à figura central de uma das histórias mais bizarras do esporte mundial: Tonya Harding, patinadora acusada de ter colaborado na conspiração de seu ex-marido Jeff Gillooly (Sebastian Stan), que mandou quebrar a perna de Nancy Kerrigan, principal concorrente de sua então esposa. O caso foi apresentado, no mesmo ano do ocorrido, no documentário para televisão Tonya & Nancy: The Inside Story (1994), na NBC, e vinte anos depois no doc da ESPN The Price of Gold (2014).
No entanto, nove décadas atrás, a modalidade já conquistava espaço no cinema através de uma patinadora, a norueguesa tricampeã olímpica Sonja Henie, que se tornou uma estrela de Hollywood. Após fazer uma participação na produção local Syv dager for Elisabeth (1927) – algo como “Sete Dias para Elizabeth” –, a atleta colocaria as suas lâminas para dançar vários números musicais no gelo, que estrelou, desde a competidora dos Jogos de Garmisch-Partenkirchen 36 de A Rainha do Patim (1936, foto ao lado) e da instrutora de esqui e patinação que se apaixona por sua alteza em Ela e o Príncipe (1937). Daí, se seguiram Feliz Aterrisagem (1938), Minha Boa Estrela (1938), Dúvidas de um Coração (1939), Idílio nos Alpes (1939), Quero Casar-me Contigo (1941), Bodas no Gelo (1942), Flor de Inverno (1943), É Um Prazer (1945) e A Condessa de Monte Cristo (1948).
Neste ínterim, Joan Crawford entraria no rinque em Folia no Gelo (1939), um fruto do novo subgênero “esportivo-musical”, assim como Tudo no Gelo (1939), Ice-Capades (1941), Fantasia de Gelo (1942) e Ilha dos Sonhos (1944), o mais dramático, que trazia uma patinadora tchecoslovaca que fugia da II Guerra Mundial. Não só os produtores de Hollywood caíram nesta dança, como também outras colegas de esporte que seguiram as piruetas de Henie. A contemporânea britânica Belita protagonizou Dançarina Loura (1944) e Delírio (1946), e a austríaca Eva Pawlik, medalha de prata em St. Moritz 48, Frühling auf dem Eis / Spring on Ice (1951), enquanto a norte-americana Lynn-Holly Johnson estrelaria, anos depois, o romance Castelos de Gelo (1978), história sobre uma patinadora que fica quase cega após um acidente e que ganhou remake homônimo em 2010, que já foi exibido na Sessão da Tarde.
Aliás, vários telefilmes sejam documentais ou de ficção, exploraram o esporte, a exemplo do romance Champions: A Love Story (1979) e os biográficos On Thin Ice: The Tai Babilonia Story (1990), sobre a atleta norte-americana Tai Babilonia, e Uma História Feita de Gelo (1994), que fala da ucraniana medalhista de ouro Oksana Baiul. Já a alemã bicampeã olímpica Katarina Witt estrelou o balé no gelo gravado em Carmen on Ice (1990) e ganhou destaque na ESPN em The Diplomat (2013). Da mesma maneira, o romance entre uma patinadora e um jogador de hóquei com quem forma uma dupla em Um Casal Quase Perfeito (1992), rendeu frutos posteriores em uma franquia estilo “vespertina”, com Um Casal Quase Perfeito 2 (2006) e os feitos direto para TV Um Casal Quase Perfeito 3 (2008) e Um Casal Quase Perfeito 4: Fogo e Gelo (2010).
Nos anos 2000, a propósito, a patinação ganhou novamente espaço no cinema, mas pelo lado cômico. Uma rena mágica dublada por Whoopi Goldberg ajuda uma menina que sonha em praticar o esporte no infantil Blizzard (2003); outra fica dividida entre os saltos e as tacadas do hóquei na produção do Disney Channel Minha Vida é Vencer (2005); um jogador da outra modalidade reencarna em uma patinadora em Ice Angel (2000); os treinos do sul da Califórnia são satirizados no mockumentary On Edge (2001); e Will Farrell e Jon Heder encarnam rivais na mais conhecida comédia Escorregando Para a Glória (2007). Outro título famoso e figurinha fácil na Sessão da Tarde é Sonhos no Gelo (2005), em que Michelle Trachtenberg vive uma estudiosa aluna que se encontra no rinque; um longa um pouco mais dramático, mas não tanto quanto o sueco Minha Irmã Magra (2015), em que uma jovem atleta sofre com transtornos alimentares.
Quando as lâminas trocam os giros pelo deslizar rápido de uma flecha, é a vez da patinação de velocidade, em que os competidores correm diversas distâncias em pistas de 400 metros. O norueguês tricampeão olímpico Hjalmar Andersen se tornou uma lenda no país após ganhar suas três medalhas de ouro em casa, nos Jogos de Oslo 52, chegando a estrelar a produção local Skøytekongen (1953), em que vive um motorista de caminhão e patinador que tenta conciliar seus dois mundos. Já a luta do norte-americano Dan Jansen para superar a morte da irmã e conseguir quebrar um recorde histórico nos 1.000 metros em Lillehammer 94 é retratada no telefilme A Brother's Promise: The Dan Jansen Story (1996, foto ao lado), transmitido pela CBS.
Mais arriscado ainda e curioso para o público são as corridas da patinação de velocidade em pista curta, cujo os 111,12 metros e o aspecto quase oval transforma a modalidade quase em uma Nascar do esporte. O curta-metragem documentário Speed Skate: The Price of Glory (2015, pôster ao lado) acompanha o treino de jovens patinadores dos Estados Unidos, a presença de seus pais na carreira e as dificuldades em lidar com o treinador sul-coreano e campeão olímpico Dong Sung Kim.
Conhecido popularmente por aqui como o jogo da “chaleirinha e da vassoura”, o curling, espécie de bocha no gelo, já embalou as brincadeiras dos Beatles em uma estação de esqui nos Alpes Suíços, numa cena de Help! (1965) ou mais um flerte de James Bond em 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969). Anos depois, teria Papai Noel diabólico o jogando no trash Uma Noite de Fúria (2005), pinguins arremessando tartarugas em vez de pedras na animação Selvagem (2006) e até ataques com uma pedra de curling feitas por um psicopata na comédia de terror Weirdsville (2007).
Esse teor cômico é utilizado também nos filmes que se dedicam inteiramente ao esporte, como no canadense Homens com Vassouras (2002), em que um homem retorna à cidade natal para o velório de seu treinador de hóquei e passa a usar a vassoura com os antigos colegas em um campeonato; no norueguês O Rei do Curling (2011, foto ao lado), em que um jogador afastado por transtorno obsessivo-compulsivo volta à pista para tentar ganhar uma competição e pagar a cirurgia do seu técnico; e no italiano La Mossa del Pinguino (2013), no qual quatro homens fracassados tentam se redimir formando uma equipe de curling para disputar a vaga de representante da Itália em Turim 2006.
No cena indie, uma ex-jogadora com problemas psicológicos e transtornos alimentares passa a treinar um quarteto de mulheres comuns na dramédia Sweeping Forward (2014), enquanto clubes de curling servem de cenário para Triumph, IL (2017), com o estabelecimento mais antigo do tipo, e One Last Chance (2004), com um traficante administrando o local. O esporte também aparece no filme de época Tempo de Inocência (1999), na comédia francesa Seuls Two (2008) e nos canadenses Tudo Azul (2007) e Caracol / Ondulação (2010) – justamente Curling, no original, embora o boliche apareça mais no filme de Denis Côté –, mais para demonstrar como a modalidade é muito praticada no país.
Dos esportes de inverno, o esqui é provavelmente o mais retratado no cinema, desde grandes aventuras nas descidas das montanhas de gelo da longínqua comédia alemã Der weiße Rausch / The White Ecstasy (1931) a vários títulos que se passam em estações de esqui: Quero Casar-me Contigo (1941), em que a personagem da patinadora Sonia Henie tem como dublê a esquiadora norte-american Gretchen Fraser, futura campeã olímpica em St. Moritz 48, assim como Duas Vezes Meu (1941), Festa no Gelo (1965), que tem até o James Brown, e os recentes franco-suíço Minha Irmã (2012), o sueco Força Maior (2014) e até o thriller Pânico na Neve (2010).
O cenário é propício para o esqui alpino, caracterizado pela descida em montanhas, a exemplo das perseguições que James Bond se envolveu em 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969), 007 – O Espião que me Amava (1977) e 007 – Somente Para Seus Olhos (1981). A modalidade possui categorias, como a mais veloz downhill em que o esquiador temperamental vivido por Robert Redford põe a seleção olímpica dos Estados Unidos em risco em Os Amantes do Perigo (1969, foto acima) ou que o francês trimedalhista de ouro Jean-Claude Killy se envolve em um roubo na ficção Snow Job (1972); ou o slalom, que exige a passagem por determinadas “portas” durante a descida, como praticado anteriormente por Jill Kinmont, esquiadora que sofre um acidente e tem sua história real contada em Uma Janela Para o Céu (1975) ou pelo vilão na curiosa perseguição de O Grande Hotel Budapeste (2014).
Telefilmes também exploraram o lado cômico do esqui, como Copper Mountain (1983) com Jim Carrey e a biografia do campeão norte-americano de Sarajevo 84 em A Estória de Bill Johnson (1985) com Anthony Edwards e Sarah Jessica Parker. Grandes descidas foram representadas em A Montanha da Coragem (1990), na apresentação sincronizada no Powder 8 ski do drama Aspen – Dinheiro, Sedução e Perigo (1993) e em documentários de esqui extremo, a exemplo de Steep (2007) e Claim (2008), que têm como origem o registro premiado com um Oscar de um homem descendo o Everest em The Man Who Skied Down Everest (1975). Enquanto isso, Truth in Motion: The US Ski Team's Road to Vancouver (2010) acompanha a preparação da seleção norte-americana para os jogos na cidade-sede no Canadá.
Quando os esquiadores percorrem grandes distâncias, em terrenos mais planos e/ou ondulados do que nas encostas das montanhas, pratica-se o esqui cross-country, como o casal vivido por Julie Christie e Gordon Pinsent no drama Longe Dela (2006), logo nas primeiras cenas. As origens nórdicas de uma das mais longas corridas do esporte, desde a famosa American Birkebeiner à da própria Noruega, são contadas em O Último Rei (2016), em que dois guerreiros partem em uma difícil e longa jornada na neve para proteger o filho ilegítimo do rei norueguês em plena guerra civil, lá nos idos de 1206. Próximo dali, dois maratonistas olímpicos rivais, que disputaram os Jogos de Garmisch-Partenkirchen 36 – agora em PyeongChang 2018, a maior distância disputada é de 50 km –, são confrontados depois, servindo seus exércitos durante a II Guerra Mundial, na fronteira entre a Finlândia e a Rússia no hollywoodiano Ski Patrol (1940).
Legitimamente de terras finlandesas, vem a dramédia A Patriotic Man / Isänmaallinen Mies (2013, foto acima), em que um homem com um sangue especial o doa para os atletas da equipe de cross-country do país, numa espécie de doping mascarado. Seguindo a linha mais cômica, há o francês Boa Sorte Argélia (2015), no qual uma aposta entre dois amigos que querem promover a sua oficina de esquis leva um deles a tentar competir as Olimpíadas pela Argélia.
Originado do esqui alpino, o esqui estilo livre surgiu na década de 1960, mas foi nos anos 80 que ele se popularizou, se tornando comum também nas telonas, especialmente em filmes do estilo besteirol para alívio cômico ou garantir a ação da trama com suas manobras durante as descidas nas montanhas, sejam em perseguições do tipo ski cross e, particularmente, aéreos. O caminho foi aberto por Hot Dog: O Filme (1984) e seguido por Ski Patrol (1990), Ski Hard / Donwhill Willie (1996) e a franquia Loucademia De Esqui (1990) e Loucademia de Esqui 2 (1994). A modalidade iria aparecer mais na comédia adolescente Minha Vida é um Desastre (1985), em que John Cusack vive pelo esporte, e na aventura alemã Feuer und Eis / Fire and Ice (1986). Mais recentemente, o estilo livre embala cenas do remake A Ressaca (2010), enquanto a história da quase esquiadora olímpica na categoria moguls – pista com pequenos montes de neve – que se tornou a princesa do pôquer nos Estados Unidos, Molly Bloom, é interpretada por Jessica Chastain em A Grande Jogada (2017, gif acima).
Lançar seus pares de esqui pelos ares a grandes alturas, vez outra, acontece nestes filmes invernais, desde a comédia alemã Der weiße Rausch / The White Ecstasy (1931), no musical Festa no Gelo (1965) e nas perseguições de 007 – Somente Para Seus Olhos (1981) e O Grande Hotel Budapeste (2014). Mas os atletas do salto de esqui também receberam seu devido destaque na frente das câmeras de, por exemplo, ninguém menos do que o cineasta alemão Werner Herzog, que no documentário O Grande Êxtase do Entalhador Steiner (1974), examina a psicologia do suíço medalhista de prata em Sapporo 72, Walter Steiner, que dedicava o resto de seu tempo à carpintaria como forma de vida. Outro vencedor, mas finlandês, o tetracampeão Matti Nykanen é retratado em Matti (2006), enquanto Eddie Edwards, um azarão que ficou no último lugar em Calgary 88, ganhou nada mais do que o respeito por ter se tornado o primeiro esquiador britânico a disputar a prova olímpica em 60 anos, como visto na comédia Voando Alto (2016, gif acima), com Taron Egerton e Hugh Jackman.
Modalidade em que os competidores realizam provas de cross-country e salto de esqui, o combinado nórdico tem destaque em Vancouver 2010: Stories of Olympic Glory (2010), com a campanha histórica da equipe dos Estados Unidos naquele evento [foto ao lado] sendo registrada no último trabalho de Bud Greenspan, antes de sua morte no final de 2010. O telefilme encerra uma prolífica carreira do renomado diretor e produtor, responsável por uma série de documentários esportivos e, especialmente, olímpicos.
Esporte que une o esqui cross-country com o tiro, o biatlo tem suas origens justamente na ação de soldados na Escandinávia, como retratado em Ski Patrol (1940, foto ao lado), longa no qual dois rivais de maratonas de esqui nas Olimpíadas, se encontram depois defendendo a fronteira da Finlândia e da Rússia, durante a II Guerra Mundial, esquiando sempre munido de suas armas para qualquer conflito. Assim, também estava o perseguidor de James Bond em 007 – Somente Para Seus Olhos (1981). A modalidade, que se tornaria olímpica em Squaw Valley 60, era praticada pela protagonista de The Abduction of Kari Swenson (1987), telefilme que narra a história real de uma biatleta norte-americana sequestrada, em 1984, pelo par de pai e filho lunáticos que desejava criar sua própria colônia na montanha.
Contemporâneo do esqui freestyle, o snowboard trazia a influência do surfe e do skate para a neve, e também dava as caras no filme de ação alemão Feuer und Eis / Fire and Ice (1986), mas ainda recebia traduções generalistas como o Loucademia de Esqui (1996), com o mesmo nome da franquia do outro esporte. Ao se tornar um esporte olímpico em Nagano 98, passou a figurar em mais produções como as infanto-juvenis do Disney Channel Johnny Tsunami – O Surfista da Neve (1999) e da Nickelodeon Um Dia de Neve (2000). Também apareceria no resort da comédia Ardendo no Frio (2001) e no besteirol Loucuras na Neve (2005), serviria de pano de fundo para a tensão do francês Snowboarder (2003) e chega a ser praticado por um macaco no terceiro capítulo de sua franquia, X-Panzé (2004).
Neste intervalo, porém, o snowboard faria de Shaun White uma lenda dos esportes radicais e/ou de inverno. Seu estrelato e status foi mostrado no documentário The Shaun White Album (2004), enquanto The Crash Reel (2013) revela a sua rivalidade com Kevin Pearce e A Primeira Grande Descida (2005) traz o ídolo junto com outras figuras marcantes da modalidade para apresentar as suas origens. Dentro do gênero, White Air (2007) e The Art of Flight (2011) são alguns dos vários títulos que levam os atletas aos extremos. Na ficção, o norueguês Switch (2007) coloca um adolescente skatista para aprender o novo desafio na neve, dois atletas aposentados passam a ensinar na comédia canadense Shred – Snowboard Radical (2008) e Felicity Jones se descobre uma grande competidora na comédia romântica A Menina do Chalé (2011, foto ao lado).
Um dos filmes mais famosos sobre as Olimpíadas de Inverno pertence justamente à seção do bobsled, já que a história real da estreia da equipe jamaicana em Calgary 88 conduz o clássica da Sessão da Tarde Jamaica Abaixo de Zero (1993, gif ao lado). Antes, porém, o esporte caracterizado pela descida do trenó para duas ou quatro pessoas em um pista estilo tobogã já surgia nas telinhas, com o telefilme ou minissérie Top of the Hill (1980), em que um empresário abandona o trabalho e a família para seguir o sonho de fazer parte do time olímpico de bobsleigh. A trama de um carpinteiro alemão que se torna atleta da modalidade em Oslo 52 está, por sua vez, no biográfico Schwere Jungs / Heavyweights (2006). Os trenós também surgem nas sequências de ação de 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969) e 007 – Somente Para Seus Olhos (1981) e para efeito cômico com o bobsled rudimentar com Ralph Fiennes e Tony Revolori em O Grande Hotel Budapeste (2014).
O mais rápido dos esportes de deslizamento sobre o gelo, o luge é realizado com um pequeno trenó, normalmente individual, mas que suporta duplas deitadas com a cabeça para cima, que remonta aos da infância nestes países do Hemisfério Norte, como o famoso Rosebud [gif ao lado] de Cidadão Kane (1941). Também lembra os carrinhos de rolimã, que aparecem em uma corrida de luge de rua a la Velozes e Furiosos no início do fracassado remake Rollerball (2002). Mas é no indie canadense An Insignificant Harvey (2011) sobre um anão que é zelador de um resort de esqui, que a modalidade aparece nos moldes olímpicos.
Semelhante ao luge, mas com a básica diferença de que o competidor desce de cabeça sobre o trenó, como se estivesse de bruços, o skeleton rende narrativas interessantes em documentários, como no média-metragem Nerves of Steel (2006, cartaz ao lado), que acompanha a preparação de atletas femininas australianas para qualificar em Turim 2006, ou no holandês De Theorie Van Het Konjin (The Rabbit Theory) (2010), que mostra a trajetória do ganense Akwasi Frimpong como imigrante na Holanda e correr em provas rápidas no atletismo, para depois descer com o trenó, com o qual competirá pelo país natal em PyeongChang 2018.
Um dos mais tradicionais desportos coletivos da América do Norte, o hóquei no gelo também leva a sua fama através das telas há muito tempo: nos dramas Rei do Ring (1936), O Duque de West Point (1938) e White Lightning (1953); no romance Ídolo da Torcida (1937); no mistério de Jogo que Mata (1937); e nas comédias Olympic Honeymoon (1940) e O Herói da Turma (1946).
A modalidade volta para as lentes do cinema no melodrama Love Story – Uma História de Amor (1970), em que o mocinho estuda e joga em Harvard. No entanto, este novo foco ao esporte ganha contornos mais sombrios e críticos nesta década, começando pela produção canadense Paperback Hero (1973) sobre um jogador que perde seu contato com a realidade. A violência no hóquei surge de modo mais cômico em Vale Tudo (1977), longa com Paul Newman que ganharia continuações diretamente para vídeo, anos depois, em Slap Shot 2: Breaking the Ice (2002) e Slap Shot 3: The Junior League (2008), ou trágico nos telefilme, Temporada Mortal (1977), com Meryl Streep, e The Boy Who Drank Too Much (1980) com seu jovem protagonista alcóolatra.
É justamente em 1980, mais exatamente nos Jogos Olímpicos de Lake Placid, no estado de Nova York, que o time dos Estados Unidos consegue um de seus maiores feitos, ao ganhar da imbatível União Soviética no auge da Guerra Fria. Dramatizado no ano seguinte na TV, no docudrama Miracle on Ice (1981), o episódio motivou os documentários Do You Believe in Miracles? The Story of the 1980 U.S. Hockey Team (2001) e Of Miracles and Men (2015), da ESPN, que parte do ponto de vista dos adversários derrotados, contudo ficou marcado pela ficção com Kurt Russell, Desafio no Gelo (2004, foto acima). A vitória traria novas tramas de superação com o esporte nos anos seguintes, estreladas por então jovens talentos, como Rob Lowe em Veia de Campeão (1986), Michael Keaton em Encontro Fatal (1986) e Emilio Estevez como o técnico de Nós Somos os Campeões (1992), filme família que daria origem a uma franquia – Nós Somos os Campeões 2 (1994) e Nós Somos os Campeões 3 (1996).
A história do início da NHL, liga nacional de hóquei norte-americana, é contada no telefilme Net Worth (1995), uma das várias produções canadenses sobre a famosa modalidade local, a exemplo das comédias Les Boys (1997), Jogada de Mestre (2000), que iniciou a franquia sobre um macaco esportista de inverno, e Bon Cop Bad Cop (2006), em que policiais investigam a morte de um jogador; do telefilme Sticks and Stones (2008); e das biográficas Maurice Richard (2005) e Waking Up Wally: The Walter Gretzky Story (2005), filme para TV sobre o astro canadense, que depois ganharia um episódio do 30 for 30 na ESPN, Kings Ransom (2009). Habitantes de uma pequena e gélida vila na vizinha Alasca planejam um jogo para motivar a pacata região com Russell Crowe, Burt Reynolds e Hank Azaria em Esquentando o Alasca (1999), enquanto o esporte aparece rapidamente com os irmãos siameses de Matt Damon e Greg Kinnear em Ligado em Você (2003); no jogador que precisa ser ajudado pel’O Guru do Amor (2008); no já citado telefilme original do Disney Channel Minha Vida é Vencer (2005). Documentários revelaram os talentos de então na liga em In the Crease (2006), a cultura do jogo ao ar livre em Pond Hockey (2008), e a conquista ianque em Squaw Valley 60, em Forgotten Miracle (2009).
E teve até espaço para o violento jogador interpretado por Dwayne Johnson, o “The Rock” se redimir encarnando O Fada do Dente (2010), mas foi do Canadá que as tacadas cinematográficas mais continuaram na última década. Com direito ao musical Score: A Hockey Musical (2010), o país fez parceria com Bollywood em Jogo da Vida (2011), além da comédia Os Brutamontes (2011), que ganhou a recente sequência Goon: Last of the Enforcers (2017); e teve outro ídolo retratado no telefilme biográfico Mr. Hockey: The Gordie Howe Story (2013). A Rússia, que sediou a última edição do evento, também lançou uma cinebiografia antes de Sochi 2014, com Legenda No. 17 (2013) contando a história da lenda nacional Valeri Kharlamov, e ainda coproduziu com os Estados Unidos o documentário Red Army (2014) sobre o temido time soviético. Do outro lado, a ESPN mostrou a retomada de um time nova-iorquino em Big Shot (2013) e Manchester à Beira-Mar (2016), mostrando o sobrinho do protagonista, um estudante interpretado por Lucas Hedges que faz parte do time de hóquei na escola, mantém a tradição de representar um esporte que faz parte da vida da população do norte do país.
Algum filme passou em branco na nossa lista? Então é só deixar a sua lembrança nos comentários. E se ficou a curiosidade para saber quais filmes mostram os esportes das Olimpíadas de Verão, é só conferir o primeiro Guia Cinéfilo Olímpico, publicado durante os Jogos do Rio de Janeiro 2016, no Cineweb.
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