Augusto Madeira | O coadjuvante sob os holofotes
Atualizado: 9 de jul. de 2020
Lançado em agosto, o filme Malasartes e o Duelo com a Morte (2017), que, a partir desta semana, é levado à televisão no formato de minissérie na Globo, apresenta o folclórico personagem malandro da cultura ibero-americana, mas conta também com outro que chama a atenção tanto quanto o protagonista: Zé Candinho. Quem dá vida ao tipo ingênuo interiorano, que vê a sua trama da vida toda enrolada pelas confusões de Malasartes, é Augusto Madeira, talvez a figura que o público mais tenha visto no cinema nacional neste ano – nos últimos dois, para ser mais correto. Além de encerrar 2017 na minissérie/longa de Paulo Morelli, o ator deu vida ao operador de câmera Vasconcelos e parceiro de farra do apresentador vivido por Vladimir Brichta em Bingo – O Rei das Manhãs (2017), a produção brasileira dirigia por Daniel Rezende e escolhida para representar o país no Oscar – mas que ficou fora da pré-lista de indicados –, fez uma participação especial em Altas Expectativas (2017) e esteve em várias obras que passaram por festivais no Brasil: como o pianista David em Antes que Eu Me Esqueça (2017), de Tiago Arakilian; a vítima que tira sarro do Flamengo em O Nome da Morte (2017), de Henrique Goldman; e o delegado Cunha da nova, em vários sentidos, versão de O Beijo no Asfalto (2017), criada por Murilo Benício.
No entanto, a carreira de Augusto Madeira está bem longe de ter começado agora para o ator carioca de 47 anos. Em três décadas de trabalho nos palcos, onde atuou em mais de 50 peças, e nas telas, acumulando mais de 60 créditos em filmes, considerando os curtas pelo qual firmou os seus primeiros passos no cinema. O primeiro deles que aparece no IMDb, por exemplo, é Rosa, de 1997, mas foi com Truques, Xaropes e Outros Artigos de Confiança (2003), em que faz um vendedor de rua ludibriado quando o assunto é dinheiro no curta de Eduardo Goldenstein, e Blackout (2008), no qual faz um assessor político no primeiro filme do então só montador Daniel Rezende, que recebeu prêmios nos principais festivais do país: no de Brasília e no Cine PE pelo primeiro e um Kikito em Gramado pelo segundo.
Madeira ainda ganharia reconhecimento em outros eventos pelo trabalho nos curtas o Clandestinidade (2003) e No Princípio Era o Verbo (2005), entre outros, enquanto fazia pequenos papéis em longas, como Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000), O Caminho das Nuvens (2003), Tropa de Elite (2007), Os Desafinados (2008) e VIPs (2010). Na TV, também trilhava o mesmo caminho, fazendo pequenas participações em A Grande Família (2001-14), em 2003, e Alma Gêmea (2005-06), até conseguir seu primeiro personagem fixo em novela, com o Gregório de O Profeta (2006-07), e continuar aparecendo em Sete Pecados (2007-08), Duas Caras (2007-08), Negócio da China (2008-09) e na minissérie Som & Fúria (2009).
Mas foi com as campanhas publicitárias, especialmente a que protagonizou ao lado de Gisele Bündchen para a Sky em 2011, que o seu rosto começou a ficar mais conhecido do grande público. Neste período, fez outras participações em programas humorísticos, como Os Caras de Pau (2010-13), e compôs o elenco das séries cômicas Sem Análise (2013), do Multishow, e Agora Sim! (2013), primeira produção do formato inteiramente nacional do canal Sony, e acumulou vários papéis no cinema, participando dos longas Cilada.com (2011), Uma Professora Muito Maluquinha (2011), Xingu (2011), Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida (2012), Julio Sumiu (2014), Trinta (2014) e Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel (2014).
No entanto, o ano de 2015 marcaria um novo rumo de sua carreira, abrindo os trabalhos como o Capitão Moura que negociava com o assaltante que mantinha reféns em um banco no primeiro episódio da minissérie Os Experientes (2015) e, na sequência, com sua entrada no Zorra (2015-), nova versão do humorístico dos sábados à noite na Globo. Na telona, ele também começaria a equilibrar sua veia cômica com exercícios mais dramáticos. Além das comédias A Esperança é a Última que Morre (2015) e Bem Casados (2015), o ator esteve na ação policial Operações Especiais (2015) e na adaptação de um conto de Machado de Assis, O Espelho (2015), presente no festival de Locarno daquele ano e em Tiradentes, na edição de 2016.
O resultado é que, somente em 2016, Madeira estrelou seis lançamentos comerciais no ano, além do filme de Ruy Guerra, Quase Memória (2016), exibido no Festival do Rio. Começando como o assistente do delegado na aventura e suspense infanto-juvenil O Escaravelho do Diabo (2016), uma semana depois, ele já estreava na pele do enfermeiro psiquiátrico de Nise: O Coração da Loucura (2015). E se o ator esteve nas comédias Uma Loucura de Mulher (2016) e Tamo Junto (2016), sua presença em dramas, a exemplo do advogado de defesa de Vidas Partidas (2016) e do médico que propõe uma nova terapia para crianças com Síndrome de Down em O Filho Eterno (2016), marcou esta virada.
Os frutos vieram em 2017, com os coadjuvantes de destaque em Malasartes e Bingo e os protagonistas na TV. O artista, que permanece no Zorra e entrou na segunda temporada de Me Chama de Bruna (2016-), estrela a série nacional da HBO O Homem da Sua Vida (2017), em que vive Hugo, o homem de meia-idade desempregado que começa a trabalhar na agência de encontros da prima para se tornar o par ideal de suas clientes; e a minissérie do aplicativo de streaming Studio+ indicada, neste ano, ao Emmy Internacional de Melhor Série em Formato Curto, Crime Time – Hora de Perigo (2016-), em que é o ex-policial militar que se transformou no famoso apresentador de TV e figura promissora da política Tony Paradatz.
O reconhecimento ao seu trabalho, portanto, deve continuar no próximo ano, quando, além das estreias previstas de O Nome da Morte, Antes que Eu Me Esqueça e O Beijo no Asfalto, Augusto Madeira continuará presente nas telonas nas comédias Mulheres Alteradas (2018), Quase Uma Dupla (2018) e O Sonho de Rui e nos dramas 4x100 (2018) e Domingo (2018).
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