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Foto do escritorNayara Reynaud

GUARDIÕES DA GALÁXIA VOL. 2 | Você ainda é jovem, esse é seu problema...

Atualizado: 31 de mai. de 2020


Cena do filme Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017) | Foto: Divulgação

Tão logo se retorna à Galáxia protegida pelos Guardiões mais desajustados do universo, seja revendo o primeiro filme ou assistindo a continuação Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017), é fácil reconhecer os elementos que tanto conquistaram a plateia três anos atrás. A produção que trazia personagens do Universo Marvel dos quadrinhos menos conhecidos pelo grande público surpreendeu faturando US$ 773 milhões nas bilheterias mundiais com seu puro entretenimento. Personagens fora do padrão, mas carismáticos, em um ambiente retrô futurista colorido, onde a destruição parecia menos urgente que as das grandes metrópoles facilmente destruídas em Os Vingadores e nos filmes solo de seus super-heróis, embalados por uma trilha sonora nostálgica representada pelo uso da fita K7 e do walkman na trama.

Guardiões da Galáxia (2014) convidava o espectador a voltar a ser criança, oferecendo uma diversão mais despreocupada dentro do UCM, a versão cinematográfica do universo compartilhado do estúdio. O sucesso do longa, no entanto, levou a franquia à mesma posição: como uma criança que adora os elogios que ouve ao seu redor pelas brincadeiras que faz, neste segundo volume, ela aumenta o tom de suas gracinhas para continuar agradando os outros, ao ponto de incomodar e ficar sem graça, pois já perdeu a naturalidade. É claro que boa parte do público irá se esbaldar com a comicidade escancarada da nova produção, mas até uma parcela deles perceberá o quanto o humor parece forçado em muitos momentos.

O roteiro já traz o terráqueo Peter Quill (Chris Pratt), o “Senhor das Estrelas”, a guerreira verde Gamora (Zoe Saldana), o guaxinim fruto de um experimento genético Rocky (voz de Bradley Cooper) e o quase gigante Drax (Dave Bautista), ao lado do mascote Baby Groot (fruto do “tronco” visto no 1º longa, ainda com a voz de Vin Diesel), oficialmente como os Guardiões da Galáxia. Contratados para proteger as poderosas baterias dos Soberanos, eles passam a ser perseguidos pelo povo dourado e sua soberana Ayesha (Elizabeth Debicki) após um membro da equipe roubar os tais artefatos. A ação impensada junto com os acontecimentos da história anterior colocam outros personagens no caminho deles.

Nebula (Karen Gillan), a perigosa irmã de Gamorra – que foi adotada pelo vilão Thanos, que desta vez é apenas citado –, é prisioneira do grupo e ganha mais espaço na narrativa, assim como Yondu (Michael Rooker), que, agora desacreditado por outros saqueadores, sai à caça de Quill, o pupilo que o traiu. Enquanto isso, o pai de Peter, mencionado por cima no fim do outro longa, aparece para tentar criar um contato perdido com o filho: Kurt Russell dá vida a Ego, um ser celestial, espécie de deus que se materializou em um planeta, cujo nome já é um spoiler por si só. Aliás, sem dar as temidas revelações sobre a trama, vale avisar que cinco cenas exibidas durante os créditos finais: além de duas que servem mais pelas piadas, há três fan services, sendo que dois deles podem apontar novos rumos no UCM, especialmente o que apresenta um importante personagem não só na Galáxia, mas no Universo Marvel em sua saga “Infinita”.

Gunn, que antes dos Guardiões havia dirigido apenas a comédia Super (2010), sobre um homem comum tentando ser um herói, além de roteirizar outros títulos do gênero como os dois Scooby-Doo, também introduz a interessante Mantis (Pom Klementieff), capaz de descobrir os sentimentos da pessoa ao tocá-la, dá mais destaque para Drax como alívio cômico e explora ao máximo a fofura do Baby Groot desde a sequência dos créditos iniciais – que já apresenta o ótimo uso do 3D na produção, que continua se destacando pela direção de arte e maquiagem nos aspectos técnicos. A questão é que o roteiro, carregado de piadas pueris exageradas, sem o refinamento do predecessor, deixa os personagens principais menos genuínos e, consequentemente, menos engraçados e charmosos do que antes.

Esse humor exacerbado não consegue dar liga com o sentimentalismo, acentuado especialmente no terceiro ato, como o primeiro conseguia equilibrar um olhar cômico e terno na equipe de anti-heróis que se torna uma família. Essa temática familiar, que não se resume apenas aos laços sanguíneos e é tão presente na franquia, assim como a questão do perdão presente aqui, fica clara até na presença de Father and Son na trilha sonora. Na “Awesome Mix Vol. 2”, ainda reverente ao rock setentista e ao soul, indo de The Chain, do Fleetwood Mac, a Bring It On Home to Me, com Sam Cooke, Guardiões da Galáxia Vol. 2 deveria ouvir os conselhos de Cat Stevens e take it easy, para saber dosar aquilo que já havia dado certo.

 

Guardiões da Galáxia Vol.2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, 2017)

Duração: 136 min | Classificação: 12 anos

Direção: James Gunn

Roteiro: James Gunn, baseado nos comic books de Dan Abnett e Andy Lanning e nos personagens criados por Steve Englehart, Steve Gan, Jim Starlin, Stan Lee, Larry Lieber, Jack Kirby, Bill Mantlo e Keith Giffen

Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker, Karen Gillan, Pom Klementieff, Sylvester Stallone, Kurt Russell, Elizabeth Debicki, Chris Sullivan e Sean Gunn (veja + no IMDb)

Distribuição: Marvel Studios/Disney

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